Em seu início, as práticas de uma agricultura sustentável vem se desenvolvendo de forma espetacular em Iracambi com projeções futuras de sucesso.
Em três meses de trabalho a criação e a manutenção de unidades demonstrativas de produção agrícola de baixo impacto ambiental vem ganhando seus devidos formatos e com a sua ajuda se consolidando como vitrine de geração de renda para o desenvolvimento da agricultura familiar. Querem visualizar o feito, vamos lá:
Produção de café especial Agroecológico.
A principal cultura de geração de renda para as famílias agricultoras na região é o café, e por ser uma cultura de bom desenvolvimento em altitudes mais elevada fazem com que se adaptem bem nessa região de “mares de morros”.
Essa cultura proporciona às famílias produtoras de baixa renda uma condição social justa e agrega mão de obra no meio rural.
Por ser uma cultura de sub bosque, essas plantas possuem uma boa capacidade de suportar sombreamento e ter uma excelente produção consorciadas com espécies florestais, culturas anuais e perenes.
Entretanto, a técnica de consorciar as plantas de café com outras espécies não é praticada na região, seja por falta de aptidão de alguns produtores ou pela falta de assistência técnica orientando essas famílias nesse processo.
A prática consolidada pelos produtores ainda prevalece o sistema convencional, o qual as lavouras ficam a pleno sol com alta aplicabilidade de fertilizantes químicos e agrotóxicos.
Seguem as técnicas utilizadas na região e seus danos:
Monocultivo de cafezais: O uso da técnica de monocultivo faz com que as plantas ficam vulneráveis aos ataques de pragas e doenças pelo desequilíbrio de ecossistemas inibindo o abrigo de predadores naturais, fortalecendo assim o estabelecimento e condições ideais para causarem altos danos nas lavouras.
Ainda, por termos solos profundos e de encostas onde essas lavouras são inseridas, o uso de uma só espécie faz com que os solos sejam facilmente lixiviados, acarretando em drásticas erosões e perda da sua fertilidade.
Uso de Agrotóxicos: O fácil estabelecimento de pragas e doenças faz com que os produtores tomem medidas radicais para não perderem a produtividade, com alta aplicação de pesticidas e herbicidas extremamente danosos a própria família produtora, os consumidores e ao ambiente.
Com aplicações indevidas e incorretas muitas famílias vem se intoxicando com venenos aplicados, contaminando os solos com a perda de sua microvida, contaminando os recursos hídricos e consequentemente todos que utilizam sua fonte.
Ainda, esses produtos possuem preços elevados, levando dos produtores uma boa parcela de sua renda o que pode acarretar o seu endividamento pela aquisição de créditos rurais.
Aplicação de Fertilizantes sintéticos: Não diferente dos agrotóxicos, os fertilizantes químicos possuem altos valores no mercado, sendo a maior parcela de renda da agricultura destinada em sua aquisição.
Por serem altamente solúveis e voláteis, esses fertilizantes são rapidamente perdidos no ambiente com baixo aproveitamento pelas lavouras o que acarreta em altas aplicações, assim sendo lixiviados nos solos e salinizando os recursos hídricos.
Esses três fatores mencionados acima ocasionam altos impactos ambientais e sociais. A Figura 1 ilustra o cenário do momento na região.
As famílias produtoras acabam perdendo a produtividade de seus solos com o tempo e se endividam com créditos rurais adquiridos levando a abandonar suas terras, consequentemente gerando o êxodo rural e todos problemas sociais que encontramos nas cidades.
Diante deste cenário, a nossa missão é criar um modelo apropriado para essas famílias agricultoras e promover um desenvolvimento rural sustentável economicamente, ambientalmente e socialmente mais justo.
Na unidade em Iracambi, com a sua contribuição, utilizamos técnicas alternativas e apropriadas para as famílias produtoras.
As técnicas já utilizadas que estão sendo disseminadas: Consórcio com espécies florestas.
O policultivo de espécies numa determinada área inibi o desequilíbrio total dos ecossistema, onde as pragas e doenças não possuem um campo propício para se instalarem e se propagarem, tanto no solo pelo aumento da diversidade microbiana e sua atividade que controla fungos e bactérias patogênicos dos solos, quanto na parte aérea das plantas que por possuírem mais árvores consequentemente mais habitats para predadores naturais.
Na Figura 2 pode ser observado quatro extratos de ecossistemas no cafezal:
Primeiro extrato: Encontram-se as árvores de maiores portes que possuem raízes profundas com capacidade de absorver água e nutrientes de camadas profundas dos solos e através da evapotranspiração e perdas de folhas e galhos liberarem para o ecossistema em que se encontram, formando um ciclo natural de água e nutrientes.
Também, possuem a capacidade de reterem os solos de encostas evitando que esses sejam lixiviados causando sérias erosões. São árvores que perdem as folhas em tempos de enchimento dos frutos do café não prejudicando a produtividade das lavouras e aumentando a concentração de matéria orgânica no solo.
Ainda, essas árvores possuem extratos extraflorais que atraem predadores naturais capazes de combater pragas que se estabelecem nas culturas. Outra função é a alternativa na geração de renda, pois podem fornecer lenha, madeiras e frutas que, observado a legislação ambiental e avisado o manejo previamente, podem ser explorados.
E uma enorme contribuição ambiental, já que as lavouras estão inseridas em encostas e topos de morros, áreas essas de recarga hídrica, descompactam os solos com suas raízes profundas fazendo com que a água infiltre e abasteça o lençol freático.
Segundo extrato: São utilizadas espécies que possuem portes menores e produzem elevadas quantidades de biomassa. Essas plantas devem ser escolhidas pela facilidade de manejo e resistentes a podas constantes. A incorporação de sua biomassa nos solos faz com que aumenta a matéria orgânica no solo que, através do consequente aumento da microvida, será mineralizada disponibilizando nutrientes para as lavouras.
Tem o potencial de inibir plantas invasoras dispensando os gastos e contaminações com herbicidas. Servem como proteção e esponja para o solo, evitando o impacto direto das chuvas e a forte irradiação solar nas raízes superiores das lavouras, retendo por mais tempo a umidade do solo e fazendo com que a água infiltre lentamente.
Terceiro extrato: Lavoura de café, plantas de sub bosque que suportam até 40% de sombreamento sem perder sua produtividade.
Além de se beneficiar de todos atributos mencionados anteriormente, um benefício observado com a prática é que os frutos em sombreamento amadurecem lentamente, aumentando a qualidade do café.
Quarto extrato: Podem ser utilizadas plantas como leguminosas, que servem de adubos verdes para as culturas, reduzindo e até mesmo dispensando adubações.
Essas plantas também têm o potencial de inibição de plantas espontâneas e consequentemente o não uso de herbicidas.
Neste extrato, também podem ser utilizadas culturas anuais de geração de renda e subsistência, como feijão, milho, mandioca, banana entre outras, gerando mais uma fonte de renda para a família agricultura.
O cenário de “mares de morros” prevalece na região e as propriedades sem sua maioria de agricultura familiar onde pais, filhos, tias, avós e etc trabalham nas lavouras.
Esse trabalho é quase majoritariamente manual seja pela declividade do terreno dificultando o uso de maquinários, seja pela falta de recursos dos produtores. Assim mostramos e incentivamos fazer aumentos da renda em pequenas lavouras, focando na qualidade dos cafés.
O café especial tem crescido no mercado e para famílias agricultoras com pequenas lavouras se faz essencial para a geração de renda, sendo que esse café é em média 3 vezes mais valorizado que os cafés “convencionais” de mercado.
A colheita desse café é de grão em grão selecionados apenas os maduros para melhor qualidade. São secos em terreiros suspensos em estufas para melhor qualidade da bebida. As Figuras 3, 4, 5, 6 e 7 ilustram como é realizado as etapas desde a colheita até a secagem do café.
Através dessa técnica atingimos um café especial agroecológico com 85 pontos sem uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos.
Sendo de extrema importância para a sustentabilidade das lavouras cafeeiras da região. Através desse modelo estamos dispersando nossa experiência através do diálogo e portas abertas para visitas com a comunidade rural.
Alguns produtores vêm adotando algumas dessas técnicas com êxito e com projeções futuras satisfatórias. As Figuras 8, 9, 10, 11 e 12 ilustram a experiência de alguns produtores.
Próximos passos (com a sua ajuda): Promover dias de campo com a comunidade para dispersão de técnicas de adubação orgânica e controle biológico nas lavouras.
Assim estreitarmos os laços e promoção do desenvolvimento de famílias agricultoras da comunidade rural.
Horta Agroecológica
Em nossa unidade modelo foi instalada uma horta totalmente orgânica com técnicas alternativas apropriadas para geração de renda para a comunidade rural.
A horta foi instalada com sucesso em três meses de atividade e está gerando ótimos frutos com projeções futuras de sucesso.
Nas mesmas premissas do café, estão sendo dispersadas as técnicas sustentáveis para a comunidade rural e até mesmo trocas de mudas e sementes crioulas.
A seguir segue uma breve descrição de técnicas alternativas sustentáveis que estão sendo realizadas graças às suas contribuições.
Área selecionada: Essa área estava totalmente compactada e degradada com plantas invasivas de difícil controle. A
Figura 13 ilustra a área selecionada antes do manejo.
Assim foi feito a capina e o resíduo vegetal produzido foi utilizado no processo de compostagem, enriquecidos com esterco de gado oriundos da propriedade e microrganismos eficientes capturados na mata. A Figura 14 ilustra os processos de compostagem.
Ao final do processo de compostagem foi obtido o fertilizante orgânico utilizado nas adubações das plantas..
Esse composto é rico em nutrientes essenciais para o crescimento vegetal e rico em microrganismos benéficos às plantas.
Após a realização desse processo, o solo foi preparado e os canteiros levantados. Foi realizada a aplicação de calcário, que é permitido na produção orgânica, de forma a reduzir a acidez dos solos que prejudicam o desenvolvimento vegetal.
A Figura 15 ilustra o processo.
Após o levantamento dos canteiros, foi realizada a adubação dos mesmos com o composto produzido por nós.
Assim realizado o plantio em sistemas de policultivo, onde várias espécies entre hortaliças e plantas medicinais foram consorciadas, aumentando a diversidade da horta e utilizando plantas estratégicas repelentes de insetos e que atraem inimigos naturais para o controle de pragas e doenças.
Entre essas plantas estão as plantas alimentícias não convencionais (PANCS), essas altamente nutritivas e saborosas que com o passar do tempo fica quase impossível encontrá-las.
Da Figura 16 a 20 ilustra passo a passo até o momento em que a horta se encontra hoje, tudo isso possível com as suas contribuições.
Próximos passos (com a sua ajuda): Dispersar todas essas técnicas para a comunidade rural a fim de gerar rendas para as famílias agricultoras e/ou subsistência para enriquecimento de seus pratos nutritivamente com produtos em qualidade e diversidade.
Mel de abelhas nativas sem ferrão
Como forma de gerar renda e preservar as abelhas nativas sem ferrão em suas propriedades, estamos promovendo modelos de apicultura pouco explorado pelos produtores da região.
Essa alternativa de renda além de propiciar um mel de excelente qualidade, preserva as maiores polinizadoras de plantas da terra.
Essas abelhas possuem uma função vital nos ecossistemas florestais. Essa unidade ainda está em desenvolvimento e estamos em processo de captura dessas abelhas. Com auxílio de um apicultor e apaixonado pela preservação dessas abelhas nativas fizemos uma pequena oficina e instalações de iscas. As Figuras 21 e 22 ilustra o processo de confecção e instalação das iscas.
Considerações Finais
Ainda há muito para ser realizado, nascemos e estamos com três meses de vida, com a sua ajuda estamos progredindo para nos tornamos uma propriedade modelo de agricultura sustentável e dispersamos todas as nossas experiências para a comunidade rural.
Isso se faz de extrema importância pois eles necessitam de experiência de sucesso, o que pode dar certo ou não, pois para alimentar famílias não há espaço para erros, então essas unidades demonstrativas orientam eles em suas tomadas de decisão em suas propriedades.
A agricultura familiar pede socorro, estão desamparados pelo sistema e estão perdendo força do campo, logo ela que é responsável por 70 % dos alimentos que consumimos diariamente.
Nossa unidade demonstrativa e modelo visa a progressão dessas famílias, o seu enraizamento no campo e uma vida mais digna pelo o que representa por todos nós.
Avante para uma agricultura familiar socialmente justa e ambientalmente sustentável.
Figura 1
Figura 2
Figura 3
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Figura 7
Figura 8
Figura 9
Figura 10
Figura 11
Figura 12
Figura 13
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Figura 20
Figura 21
Figura 22
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