Muitas novidades tem acontecido aqui na Floresta, não sabiam?
Pois então, vou contar a história!
Já faz algum tempo que sonhamos com um projeto de agroecologia em Iracambi e hoje temos um pouco deste cenário: Recebemos recentemente o Régis, um agroecólogo que já foi voluntário em Iracambi há alguns anos!
Então, se preparem queridos leitores porque teremos finalmente um projeto de Agricultura Sintrópica!!
E as novidades não param por ai…
Além do projeto de hortafloresta, também estamos em parceria com Helder Resende, professor da UFV-Florestal para começarmos uma criação de abelhas nativas! Já iniciamos a identificação das espécies, e sabemos que temos a Mandaçaia e Jataí.. Logo, os voluntários mostraram interesse, fizeram pesquisas e as caixas de captura!
Abelha Mandaçaia encontrada em Iracambi e as armadilhas utilizadas para captura
Este projeto resumidamente visa a sustentabilidade. Escolhemos as abelhas nativas, pois além de serem nativas, sem ferrão, muitas delas estão ameaçadas de extinção, e vocês sabem o que acontece se acabar a polinização!?
Não teremos alimentos para nossa subsistência! Isso porque, muitas plantas precisam da polinização para produzir frutos e sementes para se multiplicar. Ou seja, é indispensável para manutenção e conservação de todo ecossistema incluindo nós humanos, que fazemos parte dele!
Sem abelhas, sem florestas, sem fauna, sem água, sem vida. O objetivo central é incentivar a reprodução das abelhas nativas e mostrar ao agricultor que seu cultivo, além de sustentável pode ser interessante financeiramente.
Mas voltando ao assunto inicial sobre hortafloresta. Marina marcou uma visita à Cultive, uma hortafloresta em Leopoldina-MG. Os idealizadores são o casal: Janice e Gabriel, que fizeram Agronomia na UFES e embarcaram nesse desafio da Agricultura Orgânica!
Janice e Gabriel, o casal fundador desse sonho!
Eles iniciaram há 3 anos, num terreno plano e com pura braquiária (desafio dos grandes,né?!). Tudo começou com a Pitaia (fruta do dragão)!
Cacto Pitaia
Janice estava estudando sobre a Pitaia na faculdade para o seu TCC. A Pitaia, da família dos cactos (então não gosta de muita água) e gosta de sombra. O casal então ficou estudando e tentando descobrir formas de produzir Pitaia em Leopoldina, onde o clima é muuuuuuuito quente!!
Bananeiras fornecendo sombra para às Pitaias e hortaliças
Pensaram então na bananeira, pois cresce rápido, produz sombra para as Pitaias, além de ter massa e ainda produzirem muita matéria orgânica. Como também a Mandioca.
Janice contou também de suas maiores dificuldades, como a cobertura para o solo. Pois além de terem que passar algum tempo carregando as matérias orgânicas até o local, também tem dificuldade em fazer uma composteira devido ao tempo curto, trabalho de ficar revirando e também de ter matéria para se transformar em composto. Muitas vezes chegam a comprar o composto orgânico!
Com isso, tiveram a ideia genial de entrar em parceria com a prefeitura, e toda época de poda em Leopoldina, eles enviam os galhos para a Cultive triturar. Decidiram plantar algumas árvores nativas como o Oiti, Ipê para futuramente não terem que buscar material externamente.
Muda de Maracujá coberta por adubação verde
Contaram sobre a luta constante com a braquiária, que é uma gramínea com raiz muito agressiva e invasora. Eles viviam roçando, capinando e lutando contra a braquiária e ao mesmo tempo precisando dela para fazer adubação verde! Pode-se ver que, no primeiro local onde iniciaram há 3 anos, já não se encontra mais a braquiária, porque o solo foi se tornando bom e rico, então crescem outras ervas daninhas não tão trabalhosas.
Mas no novo local que estão implementando, eles estão plantando o capim Mombaça, para eliminar a braquiária. Ele tem sido muito utilizado para fazer silagem, pois cresce mais centrado e não é tão invasivo como a braquiária. Pode-se definir linhas de mombaça e depois ir roçando, esperar secar e fazer silos.
Claro que por ser também uma gramínea, deve-se ter cuidado freqüente, roçando, para não sufocar as outras plantas! Também utilizam para adubação verde, plantas como: feijão de porco, gliricídia, margaridão e crotalária na qual existem estudos que dizem que em 15 dias, já fornece os nutrientes ao solo! Incrível, não é?! Utilizam também cinzas e cama de frango.
Outro desafio são as formigas! Perguntamos como é esse processo. Eles usam cola entomológica, colocam no caule das plantas que estão sendo atacadas e a cola capta formigas e outros insetos, impedindo assim de serem cortados e perder a plantação! Vale ressaltar que eles não gostam de usar, disseram que os insetos dão sinal, se está aparecendo formigas, lagartas, etc, é porque você está fazendo algo de errado!
Para maior eficácia da irrigação eles usam um programador da Rain Bird, e também colocam torneirinhas em cada linha. Sendo assim, é possível programar o início/fim da irrigação, duração, dias, etc, como também pode irrigar todas linhas, exceto a que você, por exemplo, está fazendo a colheita. Além disso, nos locais em que ainda não tem irrigação, eles usam palha para poder manter a umidade desses locais.
No novo local de plantio, estão fazendo de 8 em 8 metros linhas de bananeiras, e de 20 em 20 metros, linhas de frutas (maracujá, mamão) e entre as linhas planta-se quiabo, mandioca, tomate, berinjela e hortaliças, sempre fazendo rodízio de plantação para não degradar o solo e ter um giro enquanto as outras plantas estão se desenvolvendo, é como uma floresta.
Equipe de Iracambi que foi à visita técnica
Enfim, foi uma visita de grande aprendizado, tanto para podermos saber sobre o processo para começar a construir a hortafloresta em Iracambi, o que funciona ou não, os diversos desafios que enfrentaremos, como também compartilhar esse conhecimento sobre adubação verde, desafio da braquiária substituído por mombaça, manejo de formigas no projeto Florestas para Água. Ah e claro, como toda recepção dos mineiros sempre acaba na cozinha: experimentamos a Pitaia! Uma delicia!
Prato de Pitaia que saboreamos num instante!
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